O ÁLCOOL
Acredita-se que a origem e o consumo do álcool surgiram por acaso na pré-história no período neolítico, juntamente com o aparecimento do cultivo da uva.
A uva, inicialmente, era consumida in natura e posteriormente como sucos e vinhos pelos gregos que possuíam terrenos férteis e adequado ao plantio e produção.
Do reino grego se espalhou para países como a Rússia, Inglaterra, Estados Unidos e daí para todas as partes do mundo.
O consumo na maioria das vezes fugia do controle, não obedecia a padrões de comportamento.
Depois do vinho surgiram o rum, o whisky, o gim, o conhaque e outros destilados e a cerveja.
O rei da Grécia Alexandre, o Grande, caiu inconsciente depois de beber muito em seu último banquete e veio a morrer dias depois de doença relacionada ao uso do álcool.
As mulheres russas proletárias no início do século XX colocavam vinho nas mamadeiras dos seus filhos para que viessem a dormir melhor.
Na Inglaterra do século XVIII o gim era conhecido como a bebida de preferência das mulheres.
Diz o velho testamento que Noé plantou vinha, produziu vinho, fez uso da bebida a ponto de se embriagar, sair gritando, tirar a roupa e desmaiar.
Há muitos relatos de histórico de embriaguez de pessoas famosas e que ocuparam cargos de comando em todo o mundo.
O consumo do álcool em si não era considerado culpado pela embriaguez, da mesma maneira que não se culpa a comida pelo pecado da gula.
Maneiras informais de controle de consumo tanto individual como coletivo ajudaram a manter a expectativa de que o abuso do álcool era inaceitável.
A embriaguez era vista, considerada e punida, mas apenas como um abuso de uma benção divina.
INDISCRIÇÃO PESSOAL
O excesso do consumo do álcool levando a embriaguez, fazia parte de uma INDISCRIÇÃO PESSOAL e quando os controles informais falhavam, havia sempre as medidas punitivas legais, mas nem sempre eficientes e eficazes.
Havia pressão dos religiosos, insatisfeitos com a baixa conduta moral e religiosa de muitas pessoas, dos produtores rurais conservadores que consideravam as cidades como reduto de bebedeira, indecência e desordens; dos industriais que se queixavam da queda de produção e de rendimento dos trabalhadores.
Foi estabelecida a “Prohibition Era” que abriu caminho para a criação da lei seca.
LEI SECA
Com o controle dos negócios ligados a bebida nas mãos dos imigrantes, com o fortalecimento dos operários e o surgimento do suposto antiamericanismo, o Governo criou a Lei Seca, defendendo a ideia de que era necessário salvar o país de problemas relacionados à pobreza e à violência, segundo o historiador Luiz Bernardo Pericás, formado pela Universidade Washington, nos Estados Unidos.
A lei seca nos Estados Unidos completaria 100 anos e se estendeu do período de 1920 a 1933 durante o qual a fabricação, transporte, venda, de bebidas alcoólicas para o consumo, inclusive importação e exportação, foram banidas nacionalmente.
O governo passou a exercer severa fiscalização, confisco e descarte de bebidas clandestinas, principalmente bebidas com forte teor alcoólico como whisky, rum, conhaque e destruição de toneis e derramamento de bebidas nos locais de fabricação como ficou estipulado na 18ª emenda da constituição dos Estados Unidos.
No início houve um grande apoio à medida, mas depois o comércio clandestino de bebida de má qualidade, o consumo ilegal, a corrupção crescente levou o governo a fazer vistas grossas e a refletir sobre tal medida.
Traficantes e comerciantes ilegais, como o famoso AL CAPONE, em Chicago, montaram grandes esquemas que lucravam com o consumo ilegal de produtos falsificados, fortes e de baixa qualidade, levando muitas pessoas a terem problemas de saúde como intoxicação, cegueira e paralisia.
Assim, a lei não acabou com os problemas sociais, não acabou com o consumo e além de não funcionar, acabou prejudicando a saúde de parte da população e gerando desmoralização das autoridades com o aumento da corrupção, exposições da criminalidade em diversos estados e enriquecimento de mafiosos que dominavam o contrabando de bebidas alcoólicas.
Os speakeasies, como eram conhecidos os bares clandestinos, localizados no subterrâneo, era o ponto de encontro das pessoas apreciadoras de bebidas alcoólicas.
Um famoso médico na época, Dr. Benjamim Rush defendeu o argumento de que o uso excessivo do álcool era prejudicial à saúde física, psicológica e moral, além de levar a pessoa, muitas vezes a um estado de indiscrição, conduta inconveniente e perigosa.
Tal posicionamento influenciou um grupo de 200 poderosos fazendeiros que tiveram a ideia de criar a Associação da Temperança em 1789. Esse projeto piloto foi se espalhando para diversas regiões de modo que outras associações foram criadas chegando a Virginia e Nova York em 1808, passando a ter grande relevância e peso.
Opositores do então presidente Roosevelt, argumentando que a legalização das bebidas geraria mais empregos, impulsionaria a debilitada economia e aumentaria a arrecadação dos impostos, o convenceram a pedir ao Congresso dos Estados Unidos que legalizasse a cerveja. E a lei seca foi revogada em 1933. Mas até os dias atuais ainda há reflexo da lei seca em alguns condados americanos cada um com suas regras e restrições como proibição de venda aos domingos e área onde predomina o protestantismo conservador dentre outras.
Os Americanos, na vigência da lei seca comentavam: “Every day will be Sunday when the town goes dry “. Todo dia será parado que nem domingo quando a cidade fica seca.
CARNAVAL
No Brasil, dentre outras festas populares, o Carnaval ganha destaque e é o período de maior alegria dos brasileiros.
Há os comedidos e os cautelosos que sabem aproveitar e desfrutar desse momento sem sequelas e há os com indiscrição pessoal sujeitos e vulneráveis a passarem por momentos desconfortáveis como acidentes e que terão que responder pelos seus atos. Afinal a lei seca com outra roupagem está presente entre nós. Que Deus os proteja!
Encerro este artigo lembrando de uma música de autor desconhecido que eu escutava em época de Carnaval:
“Não se preocupe, não se incomode
Quem é casado não pode. (bis)
Não pode porque a patroa não deixa,
Não pode porque a patroa se queixa,
Não pode porque o vizinho fala mal, Mas hoje pode, é CARNAVAL
Não deixe que o excesso faça parte da sua indiscrição pessoal.
Aproveite o carnaval para se divertir e praticar uma boa ação.
Mas se cuide e não se esqueça de cuidar do seu HUMANO DE ESTIMAÇÃO.
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