Os perigos da auto medicação nos pets são inúmeros e portanto é desaconselhável. Primeiro porque para se fazer uma medicação adequada é necessário ter conhecimento sobre doenças, etiologias, sintomas, diagnóstico, terapêutica e o histórico da doença em questão, dentre outros. Muitas vezes medicamentos, quando utilizadas de forma inadequada podem agir como veneno e por isso serem chamados de drogas e vendidos em drogarias.
Muitas pessoas quando percebem que seu pet está sofrendo com uma dor ou alguma doença, procuram um “remedinho” em casa, com familiares, com vizinhos, amigos ou no pet shop e não se atem aos perigos da auto medicação nos pets.
É uma conduta adequada? Provavelmente, não.
Não é recomendável medicar seu pet por conta própria nem seguir conselhos de leigos, parentes, amigos, pet shop. Medicação que você busca na internet também é uma auto medicação que pode apresentar sérios riscos.
Ouça um especialista ou quem possui curriculum com credenciais para a função e minimize os perigos da auto medicação nos pets.
O medicamento é uma faca de dois gumes. Pode auxiliar na resolução de inúmeras doenças mas, em dadas circunstâncias, pode acarretar riscos e ser prejudicial.
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MEDICAMENTO
Palavra originada do latim medicamêntum, conhecido como medicação, remédio ou fármaco é uma substância ou preparado usado no tratamento de qualquer alteração patológica do corpo, enfermidade ou morbidez com propriedades benéficas comprovadas cientificamente.
Portanto, todo medicamento é um fármaco mas nem todo fármaco é medicamento.
O estudo dos fármacos, mecanismo de ação, efeito, e reação adversa compreende: a fonte, solubilidade, absorção, qual parte do organismo é destinado, mecanismo de ação, e reação adversa.
FÁRMACO (remédio) é uma estrutura química conhecida que tem propriedade de modificar uma função fisiológica já existente. É o princípio ativo para a formulação do medicamento. Medicamento é o produto farmacêutico com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Exemplo: Novalgina é o nome comercial do medicamento utilizado para febre e dor. Dipirona é o princípio ativo, o fármaco.
DROGA (drug = remédio, medicamento ou droga) é uma substância que modifica a função fisiológica com ou sem intenção benéfica.
REMÉDIO (re=novamente; medior=curar) substância animal, vegetal, mineral ou sintética; procedimento como atividade física, massagem, acupuntura, banhos. Inclui-se também fé ou crença, influência, usados com intenção benéfica; Uma conversa tranquilizadora, um carinho.
PLACEBO (placeo=agradar) tudo que é feito com a intenção benéfica para aliviar o sofrimento. É todo fármaco, medicamento, droga, remédio em concentração baixa ou nula.
NOCEBO: efeito placebo negativo ou seja o “medicamento” piora a saúde.
No estudo da Farmacologia pré- clínica, especial atenção é dada à eficácia, eficiência e a RAM (Reação Adversa do Medicamento) nos animais (Mamíferos), revelando os riscos da automedicação nos pets.
FARMACOLOGIA clínica estuda-se a eficácia, eficiência e a RAM do fármaco no homem ( voluntário sadio; voluntário doente).
FARMACOTERAPIA-é a assistência farmacêutica. Cuida da orientação do uso racional de medicamentos.
PERIGOS DA AUTO MEDICAÇÃO NOS PETS (Efeitos colaterais)
Todo medicamento provoca efeitos colaterais. Vai depender da substância utilizada (fármaco), da dose, da frequência, das condições do animal (peso, imunidade, resistência orgânica, hidratação, funcionamento dos órgãos vitais, estado geral) e da doença.
O comprometimento ocorre em diversos órgãos principalmente no fígado, pulmões, rins, coração e sistema nervoso pois é principalmente nesses órgãos onde ocorre a biotransformação ou metabolismo do fármaco em outras substâncias por meio de alterações químicas, em geral sob ação de enzimas inespecíficas. São principalmente nesses cinco órgãos aonde a droga chega mais rápido.
Alguns fatores podem influenciar o metabolismo dos fármacos e entre eles temos as características da espécie animal, a idade, a raça e fatores genéticos, além da indução e inibição das enzimas.
A intoxicação medicamentosa é uma ocorrência muito frequente em pets, sendo rotina o atendimento em consultório e clínicas veterinárias. Daí o risco e a eminência dos perigos da auto medicação nos pets.
Além disso, e bom deixar claro que, segundo relatos de pesquisadores, a dose terapêutica da maioria dos medicamentos é muito próxima da dose tóxica, podendo acarretar sérios danos ao animal, comprometendo sua saúde e agravando o quadro mórbido em vez de promover a cura.
O animal é formado de vários sistemas que trabalham de forma interrelacionadas, interatuantes e inter- dependentes.
Quando surge a doença e afeta um sistema, por efeito dominó, costuma afetar em menor ou maior grau, outras estruturas. Elas ficam desreguladas levando o organismo a um estado de descompensação, desequilíbrio.
Daí vem a doença que deverá ser investigada e tratada por um profissional capacitado. Muitas vezes é necessário passar, por uma autêntica investigação e bateria de exames.
ANAMNESE.
O Médico Veterinário, com seu olhar clínico, sua percepção sua experiência e seu conhecimento científico capta o histórico do animal, anota os sintomas, tempo relacionamento ao surgimento, como começou, se o animal costuma ir à rua, se viajou, se teve ectoparasitas, como é a alimentação, verifica as vacinações. Enfim coleta todas as informações junto ao tutor com o intuito de formar um diagnóstico e recomendar uma terapia adequada.
EXAME FÍSICO
Recebido de forma amável no consultório, carinhosamente pesa o animal, tira a temperatura, avalia as mucosas, mensura a frequência cardíaca e respiratória, palpa o abdomen e os linfonódulos, inspeciona a cavidade oral, ver o TPC, avalia a hidratação, se necessário coleta material para hemograma ou utiliza diagnóstico por imagem.
Na clínica faz acesso venoso e coloca o fluido adequado, calcula a velocidade e o tempo de infusão e a quantidade necessária do fluido, administra medicamento suporte, monitora os parâmetros vitais do animal enquanto aguarda os resultados dos exames para dar continuidade ao tratamento da doença diagnosticada até a cura e alta. Todas essas informações, os sintomas explícitos e implícitos e todos os dados sobre o animal e sobre o proprietário são anotados no prontuário
É, portanto, uma investigação. O policial ao investigar um crime, muitas vezes precisa de tempo, dias para colher as informações e chegar a elucidação do caso.
Assim como o bandido omite ou distorce informações, o organismo às vezes ou passa informações incompletas ou não passa informação nenhuma, como no caso das doenças assintomáticas. Também, nem sempre a pessoa que leva o pet à clínica ou o tutor, estão aptos a prestar as informações solicitadas;
O Médico Veterinário examina o animal, o todo e cada parte do corpo, num trabalho muito parecido com o trabalho de um policial quando procura descobrir um crime. Quem matou, quem morreu, dia, hora, local, qual a causa, como aconteceu, testemunhas, câmaras, fotos, laudo do instituto médico legal (IML)…
Alguns problemas podem ser classificados como simples ou complexos. Outros de difícil solução.
Não dá para ficar medicando seu pet sem dispor dos conhecimentos técnicos, capacitação e alguns exames. Não dá para consultar por telefone, nem por fotografias. Você pode está colocando em risco à vida do animalzinho, comprometendo ainda mais sua saúde, às vezes, requerendo uma internação longa e dispendiosa ou levar a óbito. O profissional que atender dessa forma está cometendo transgressão, infligindo as normas da OMS (Organização Mundial da Saúde) do CRMV (Conselho regional de Medicina) e dos órgãos ligados a Saúde e Vigilância Sanitária.
RECOMENDAÇÃO
O racional é fazer uma consulta de bem estar pelo menos uma vez ao ano. Mas se o animalzinho apresentar alguma disfunção orgânica, leve para quem está habilitado, o mais cedo possível.
Alguns proprietários, aflitos, ansiosos e sofrendo com a situação do seu pet, espera uma solução imediata do problema, pois sofre com a situação desconfortável do seu pet e muitas vezes vai ao desespero quando o animalzinho vai a óbito.
É compreensível. Mas o proprietário não pode esperar que o Médico faça milagres. Ele faz o uso dos conhecimentos científicos disponíveis, utiliza a experiência, a prática e tem o forte desejo de encontrar o diagnóstico, o tratamento e a cura adequada.
Mas não tem a bola de cristal. Se tivesse não morreria o filho, a mãe, o pai, a esposa, o pet. O ciclo da vida tem começo, meio e fim. Infelizmente.
Perigos da auto medicação nos pets.
Os pets são surpreendentes. Eles se comunicam com gestos, com olhares, com latidos, com os movimentos do rabo, com o andar. Um cão quando sente, por exemplo dor no ouvido esquerdo, ele se volta para o lado esquerdo ou passa a pata esquerda no ouvido esquerdo. Quando um local se apresenta irritado, coçando ele esfrega a pata ou passa a língua. Quando está com sede ou com fome e o recipiente está vazio, alguns viram o recipiente. Quando o tutor lhe mostra uma peitoral, ele sabe que vai passear e explode de alegria. Gestos como o da cadela que espera os filhotes se alimentarem primeiro para depois se alimentar tem comovido o seu tutor muitas pessoas. Os gestos dos caninos a exemplo dos humanos, tem significado e sinalizam que estão precisando de ajuda, de um carinho, de uma atenção, de um mimo ou que vai receber algo prazeroso, gesto de agradecimento ou tem um entendimento acima do que imaginamos.. Skiner e Pavlov, cientista americano e russo, através de experimentos focados em condicionamento operante, conseguiram resultados surpreendentes com animais.
Agora, literalmente, em se tratando de auto medicação nos pets é um bom tema de pesquisa sobre comportamento pet para estudiosos e pesquisadores que gostam de desafios.
Muito obrigado.
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